Segundo a coordenadora da bancada feminina no Senado, apesar de o número de senadoras ser o maior na história, elas estão sem assento na chamada “mesa diretora”, que organiza os trabalhos na casa.
“Nós não temos titularidade na mesa há 12 anos, então, veja que nós estamos numa situação de muita desvantagem, quando você faz um comparativo tanto da quantidade de senadores quanto da representação brasileira, porque nós somos a maioria da população brasileira”, diz a senadora Eliziane Gama (PSD-MA)
É uma realidade que não afeta somente o Brasil. Um levantamento feito este ano pela ONU Mulheres, em parceria com a União Interparlamentar, organização que reúne parlamentos do mundo todo, mostra que a representação feminina na aprovação de leis chega, em média, a 26,5%. No Brasil, esse percentual é ainda menor: 21,6%. Nesse ritmo, a estimativa é que sejam necessárias décadas para chegar a um cenário próximo da igualdade./
Segundo a gerente de projetos da Onu Mulheres, essa baixa representação também se reflete no poder executivo, onde as mulheres geralmente são indicadas para pastas sociais.
“Mulheres também são minorias em todos os espaços de tomada de decisão. A gente observa que elas são designadas para ocupar lugares que ainda operam dentro de uma lógica de padrões nocivos de gênero e estereótipos”, diz Raíla Alves.
A deputada federal Camila Jara (PT-MS), de 27 anos, foi a “única” mulher eleita pelo estado de Mato Grosso do Sul no ano passado, e já nos primeiros meses de mandato apresentou projeto para proteger filhos de vítimas de feminicídio no país.
A parlamentar quer inspirar outras mulheres a ocuparem espaços de decisão: primeiro porque a democracia só vai conseguir ser eficiente a partir de momento que metade das pessoas do país estiverem sendo representadas aqui nessa casa. A gente precisa lutar para dizer que esse espaço, o espaço político e todos os outros espaços devem e podem ser ocupados por nós”.
A primeira-dama, Janja da Silva, e outras seis mulheres, entre elas, a presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, receberam nesta 4ª feira (8.mar) uma honraria do Senado Federal, pela defesa dos direitos das mulheres.
“Precisamos estar representadas nos espaços de decisão. Na Câmara, ocupamos apenas 17,7% das cadeiras. E, nessa casa, apenas 16%”, afirmou Janja na cerimônia.
