POLICIA

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Irmão da policial militar Elisângela Bessa Cordeiro, o bombeiro Alexandre Bessa Cordeiro, de 44 anos, acredita que a agente tenha sido executada pelos bandidos que tentaram assaltá-la, ao descobrirem que ela trabalhava na polícia. Elisângela é a 96ª PM morta no estado este ano.

— O Rio virou um local de caça aos policiais, uma caçada. Acho que ela não reagiu, porque era tranquila. Todos os bairros viraram redutos de criminosos. É um perigo para todos da segurança pública, os PMs salvam vidas, mas morrem nas mãos dos bandidos. É uma completa covardia – Alexandre, que, na manhã deste sábado, aguardava a chegada do corpo de Elisângela no Instituto Médico Legal (IML), no Centro.

Segundo o bombeiro, Elisângela deve ser enterrada no Jardim da Saudade ainda neste sábado.

– É uma tristeza. Perdemos minha mãe em novembro, de causas naturais, e agora, minha irmã. Ela estava trabalhando para sobreviver, porque o estado não está pagando os salários. Ela estava ajudando meu irmão no comércio da nossa família.

Elisângela Bessa Cordeiro voltava com o marido para casa, em Colégio, Zona Norte, após passar a noite vendendo batata-frita em Nilópolis, na Baixada Fluminense, quando foi baleada na cabeça pelos bandidos em Coelho Neto, também na Zona Norte. Gravemente ferida, a vítima chegou a ser socorrida e levada para o Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), no bairro do Estácio, no Centro, mas não resistiu. Este caso engrossa uma estatística violenta: sobe para 96 o número de PMs mortos no estado apenas neste ano.

O crime aconteceu por volta das 2h. Os criminosos abordaram o veículo de Elisângela, que estava ao volante, no momento em que ela e o marido passavam pela Avenida Martin Luther King Júnior, próximo ao viaduto da Avenida Brasil. Os assaltantes dispararam, e ao menos um dos projéteis atingiu a policial militar. Ferida, ela foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros e levada para o hospital, onde morreu. O marido da vítima não ficou ferido.

— Quando estava retornando para casa, assaltaram a minha irmã e acertaram a cabeça dela. Ela fez 41 anos agora no dia 17 de julho. Coração está apertado para caramba, até falta ar — disse, ainda muito abalado, o irmão de Elisângela, Marcos Bessa. — Estávamos levando ela para o hospital no meu carro, encontramos a ambulância perto do local. Colocamos ela lá e fomos para o HCPM. Tentaram fazer de tudo, mas não deu. Perdeu muita massa encefálica.

Ainda não há informações precisas sobre quantos bandidos participaram do assalto. Fato é, segundo parentes da vítima, que pertences do casal e também o automóvel foram levados pelos integrantes do bando. Eles conseguiram fugir.

Parentes da policial foram até a unidade hospitalar, onde ficaram até o fim desta madrugada. Elisângela é descrita pela família como uma “pessoa muito trabalhadora” e ligada à família:

— Ela era cheia de saúde, de vida e de planos. Minha amiga e muito, muito trabalhadora. A Elisângela havia ficado de serviço na última quinta-feira, depois foi direto para (integrar a equipe de patrulhamento) do Centro Presente. De lá, voltou para Nilópolis para trabalhar na barraca de batata frita. Estava tentando almejar uma vida melhor. E no momento em que ela está a caminho de casa para finalmente descansar vem esses bandidos e fazem isso com ela — afirmou Marcos.

Não fazia muito tempo, Marcos e Elisângela haviam perdido a mãe, que morreu em novembro do ano passado. De acordo com ele, as duas eram bastante próximas e a policial ficou bastante abalada por muito tempo. Além disso, um irmão dois também morrera em 2004.Apesar do elevado número de policiais mortos neste ano, Marcos contou que ela gostava de vestir a farda.

— Ela não tinha vontade (de sair da corporação), gostava. Tenho cunhadas que são policiais também. Mas com esse desgoverno os policiais na rua estão jogados às traças. Assim como a população. Os (PMS) que nos protegem estão morrendo — acrescentou o irmão da vítima.

PM MORRE APÓS SER BALEADO NO MÉIER

Um policial militar foi baleado na Avenida 24 de Maio, no Méier, Zona Norte do Rio, também na noite desta sexta-feira. Atingido no rosto, o soldado Samir da Silva Oliveira, de 37 anos, chegou a ser levado para o Hospital municipal Salgado Filho, no Méier, mas não resistiu. O enterro dele será às 16h30 deste sábado no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste do Rio.

Lotado na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) São João, o soldado foi baleado depois de abordar um veículo onde estavam quatro homens armados com três pistolas e um fuzil.

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