Prefeito de Ponta Porã rebate alerta do EUA e diz que “fronteira tem mar de calmaria”

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A elevação do alerta dos Estados Unidos, que não recomenda viagens para a faixa de fronteira do Brasil com o Paraguai, área que abrange Ponta Porã (Mato Grosso do Sul), polo de turismo de compras, é visto como exagero pelo prefeito Helio Peluffo Filho (PSDB). A faixa de fronteira se estende por 150 km a partir da Linha Internacional.

“Não conheço as razões mais a fundo desse alerta, mas acho um exagero. Não tem como precisar como vai afetar, mas qualquer notícia ruim prejudica. A gente sofre muito com as notícias negativas da região, mas que acontecem no país vizinho. Vivemos mar de calmaria há vários meses, céu de brigadeiro. A fronteira está extremamente tranquila”, afirma Helio Peluffo.

Já a estatística da violência se opõe à declaração do prefeito. No ano passado, a Polícia Civil registrou 54 homicídios dolosos em Ponta Porã, cidade que faz fronteira seca com Pedro Juan Caballero. A taxa de homicídio foi de 58,4 mortes para cada cem mil habitantes. A ONU (Organizações das Nações Unidas) considera aceitável taxa de até 10. No ano de 2018, Ponta Porã, que tem população de 95.526 pessoas, teve 32 assassinatos.

A análise é de que tanto sangue vem no rastro do tráfico de drogas. “O que acontece na fronteira é relacionado ao tráfico de drogas. Não há município e Estado que tenha capacidade física, econômica para cuidar de uma fronteira dessa. Se for discutir índice de criminalidade, pergunte ao governo federal qual política vai fazer. Não tem investimento da União, o prédio da Polícia Federal é antigo, efetivo pequeno”, afirma o prefeito.

Já equipes da Força Nacional de Segurança flutuam pelo município. “De vez em quando está em Ponta Porã, de vez em quando não está. A prefeitura não tem acesso a isso”, diz Peluffo. O chefe do Poder Executivo conta que se preocupa com a saída do MPF (Ministério Público Federal) da cidade, que alegou medo da violência e os procuradores foram transferidos para Dourados, a 120 km.

“Mas, na minha opinião pessoal, foram embora por comodidade”, diz. A prefeitura sinalizou com a doação de terreno e um empresário construiria outro imóvel, que seria alugado pela procuradoria.