Revolução Farroupilha: como surgiram as tensões e o que foi conquistado

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Revolução Farroupilha: como surgiram as tensões e o que foi conquistado

Divulgação | Guilherme Litran

Também conhecida como Guerra dos Farrapos, a Revolução Farroupilha teve início em 20 de setembro de 1835. O motivo mais comentado nos livros de história e perpetuado pelas conversas de galpão era a insatisfação com a taxação sobre o charque (carne-seca), base da economia da região e pilar da alimentação das pessoas escravizadas na região Sudeste.

O Império, para firmar um acordo comercial com o Uruguai, baixou a carga tributária do produto uruguaio para 12%. Assim, o charque produzido no Rio Grande do Sul ficou bem mais caro que o importado, recebendo taxas altíssimas de 25%.

Mas diversas outras tensões culminaram na Revolução:

  • Prejuízo dos produtores rurais: O Império negou-se a arcar com as perdas causadas pelas pragas que atacaram o rebanho brasileiro no Sul, incomodando os trabalhadores da região.
  • Criação da Guarda Nacional: Naquele tempo, somente algumas pessoas exerciam o poder de voto e a população menos abastada era privada da participação nas decisões políticas. Por isso, para manter os interesses do regente e garantir o poder dos mandatários, pessoas de 21 a 60 anos com poder de voto eram convocadas para o enxuto e disputado quadro do exército brasileiro. Assim, a criação da Guarda Nacional foi uma maneira de atender aos interesses políticos da burguesia.
  • Insatisfação popular: A população pobre, excluída da política, estava insatisfeita com o presidente da província riograndense, indicado pelo Império. Em meados de 1830, tudo dependia do regente e não havia autonomia das províncias. Qualquer melhoria, como uma simples pavimentação de uma via ou a construção de uma ponte, dependia exclusivamente do Império e demorava muito tempo para que tal assunto entrasse na pauta. Assim, os Farroupilhas lutavam para que parte da receita gerada pela província ficasse na região, de forma que esse tipo de obra fosse agilizado e implementado num curto espaço de tempo com recursos da própria província.

A Revolta e o líder Bento Gonçalves

O General Bento Gonçalves foi um dos líderes da Revolução Farroupilha. Ele, que também atuou na Guerra Cisplatina, foi nomeado comandante de toda fronteira meridional em 1830 por D.Pedro I.

Quatro anos depois, Bento foi acusado de se rebelar contra o presidente da província de São Pedro — atual Rio Grande do Sul — e chamado à corte imperial para se explicar ao Ministro da Guerra. Absolvido, no ano seguinte, em 1835, foi eleito deputado provincial com ampla votação e fazia fortes cobranças a Antônio Rodrigues Fernandes Braga, presidente da província). Durante seu período como deputado, foi acusado de articular a separação do Rio Grande do Sul do restante do Império.

No tenso clima entre os políticos, Bento e demais representantes invadiram e tomaram a capital Porto Alegre. O conflito, que durou 10 anos, motivou uma série de outras revoltas no país.

Ao final da Guerra que defendia mais autonomia às províncias, algumas reivindicações foram atendidas pelo Império. O Pacificador Duque de Caxias finalizou a Revolta com o tratado de Ponche Verde, com a os seguintes itens:

  1. autonomia ao presidente da província, por escolha dos próprios gaúchos;
  2. a liberdade dos escravos que tinham servido nas fileiras republicanas;
  3. a incorporação às fileiras do exército brasileiro de todo oficial Farroupilha com sua graduação garantida e sem constrangimentos perante ao seu serviço militar.

Bem mais tarde, quando foi comemorado o centenário da Revolução, Getúlio Vargas provocou uma releitura da Revolta Farroupilha e, hoje, ela é celebrada como símbolo da luta pelos ideais republicanos, valorização da cultura e da bravura.

Para o povo do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, ficaram os feitos, a fibra de um povo forte e aguerrido, com orgulho de sua história.

Bibliografia:

PICCOLO,Helga: “A paz dos caramurus”, Caderno de História, nº 14, Memorial do Rio Grande do Sul.Edição Eletrônica.

URBIM, Carlos. Os Farrapos – Porto Alegre, setembro de 2001.

SPALDING, Walter. A revolução farroupilha in: Enciclopédia Rio-grandense, Editora Regional, Canoas, 1956.

ANDRADE, Manuel Correia de Oliveira. As raízes do separatismo no Brasil. Biblioteca básica. Editora UNESP, 1999, 198pp.

Jornalista Fernanda Faust Favreto

Revolução Farroupilha: como surgiram as tensões e o que foi conquistado

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