Tragédia em Petrópolis: Centro histórico da cidade vira lamaçal a céu aberto

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RIO — O Centro histórico de Petrópolis virou um grande lamaçal a céu aberto. Pontos como a Avenida Koeler e a Praça Dom Pedro II foram completamente tomados pela lama e por uma grande quantidade de lixo arrastada pela água. Pontos turísticos, como a Casa da Princesa Isabel também foram afetados, com queda de um muro, que era tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico.

Carros deformados no leito de rio em Petrópolis — Foto: Reprodução/TV Globo

Em meio à lama, funcionários da concessionária de energia elétrica tentavam religar a rede subterrânea para restabelecer a energia no Centro. A força da água desligou a subestação responsável pelo fornecimento na região e os operários tentavam identificar o ponto onde houve a falha, mas sem dar previsão de retorno da luz.

Já na Avenida Koeler, praticamente todos os casarões históricos tiveram seus subsolos completamente inundados e por pouco a altura da água não atingiu os andares principais. Em um colégio e um banco que funcionam na rua funcionários tentavam salvar móveis e documentos atingidos pela água.

Também na Avenida Koeler, a Casa da Princesa Isabel foi bastante atingida, com parte do muro caindo. A professora Marcela Martins olhava desolada para o cenário, lamentando a perda histórica para a cidade

— Muito triste tudo isso, um lugar tão lindo, tão importante para a história do país, mas também mal cuidado. Isso tudo não é acidente, é descaso — afirmou.

Ali perto, a estátua de Dom Pedro II parecia olhar triste e contemplativa para a destruição na praça que leva seu nome. Totalmente tomada por lama e lixo atraiu a atenção dos pedestres, que lamentavam o ocorrido.

Tragédia em Petrópolis: força da água destruiu pontes, isolou famílias e arrastou carros e ônibus

Ônibus foram arrastados para dentro de rio

A força da água no Rio Piabanha destruiu pontes e deixou dezenas de familias isoladas em casas na Rua Washington Luis, principal acesso ao Centro de Petrópolis. Além de muitos carros e motos, a enxurrada arrastou dois ônibus para dentro do rio.

Pela manhã, comerciantes limpavam as lojas e tentavam contabilizavam as perdas. Dono de uma ótica, Josemar Lemos contou que na noite de ontem ainda tentou salvar parte do estoque de sua loja, mas quando a água chegou na altura do peito, ele preferiu salvar a vida e deixou o lugar, retornando pela manhã.

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— Perdi tudo. Trabalho aqui há nove anos com meu irmão e agora nem sei como vou fazer. Foi tudo, tudo mesmo perdido. Ontem quando a água começou a subir eu ainda vim tentar salvar alguma coisa, mas quando chegou na altura do peito, fugi senão teria sido arrastado também — contou.

Moradora da Rua Washington Luis, Vania Nicolau teve a ponte de acesso a sua casa destruída. Com isso, ela e um dos filhos ficaram isolados dentro da residência, enquanto o marido e outro filho tiveram de dormir na rua por não conseguirem entrar. A preocupação dela agora é com a água potável, pois a enxurrada destruiu o sistema de encanamento da residência.

— Estamos presos aqui dentro sem saber o que fazer, em dezoito anos é a primeira vez que a água sobe assim. Meu esposo e meu outro filho não puderam vir para casa e pelo jeito não poderão vir tão cedo por quê até ajeitar a ponte vai demorar. Eu vou pedir para eles trazerem água e tentar arremesar pelo muro —afirmou.

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Outra moradora, a aposentada Katia Regina Pereira, está preocupada por que mora sozinha e ficou isolada com os demais vizinhos em um prédio cuja a ponte de acesso também foi destruída pela força da água e pela queda do muro de um condomínio, qur inclusive interditou completamente a rua.

— Está todo mundo aqui sem águabe energia, mas estamos bem. Meus parentes devem estar preocupados. Queria avisá-los, mas nem tenho como. Agora vamos esperar uma ajuda para que tirem essa terra e consigam um meio para que possamos sair — disse.

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