Ao longo dos anos, maternidade depois dos 40 se tornou comum e presente para mulheres

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“Aos 47 e com problemas de saúde, eu nunca imaginei que poderia engravidar”, o relato de Adriana Scarpari retrata uma nova realidade, a das mães com mais de 40 anos. Dados do Ministério da Saúde mostram que é crescente o número de mulheres que são mães com mais de 40 anos, em Mato Grosso do Sul.

Entre 1996 e 2022, o número de mães nessa faixa etária quase triplicou no Estado. O crescimento percentual foi de 148%, conforme informações do Ministério da Saúde. Há 26 anos, foram registradas apenas 535 mulheres que foram mães com mais de 40 anos, já em 2022 esse número saltou para 1.332.

Apesar de cada vez mais comum, a  depois dos 40 anos é geralmente um susto para a mulher, que muitas vezes nem sabe que ainda pode engravidar. Como é o caso da advogada, cantora e professora Adriana Scarpari, que levou um baita susto ao receber um Beta HCG positivo aos 47 anos.

Ao longo dos anos, maternidade depois dos 40 se tornou comum e presente para mulheres

“Para mim estava resolvida a minha vida como mãe, eu não teria mais filhos. Aos 47 anos, não imaginei que estaria em idade fértil, mesmo continuando menstruando. Também estava tratando uma anemia intensa, então realmente nunca passou pela minha cabeça que eu poderia engravidar”, conta Adriana.

Primeira gravidez ocorreu após tratamento de anos

Adriana foi mãe a primeira vez com 31 anos, após dois anos de tratamento médico e de ouvir de médicos que dificilmente engravidaria devido a diagnóstico de útero invertido e ovário com cistos. “Passei dois anos tomando injeção de hormônio inclusive, e desisti de engravidar, justamente quando engravidei. Tive um descolamento de placenta e precisei de repouso durante a gestação, mas meu  nasceu bem e saudável”.

Passados 16 anos, com filho adolescente e um novo relacionamento, a surpresa veio em meio a um tratamento de anemia grave. Passado o susto e o receio da gravidez nessa idade, Adriana agora elenca as vantagens de ter filho com mais de 40 anos.

“Acho que hoje tenho mais facilidade, aos 30 eu era mais insegura, tinha muitos medos, tive depressão pós-parto. E agora, mesmo com as dificuldades do pós-parto, acho que estive mais segura e mais forte”, conta.

Mais bebês prematuros e menos gestações sem pré-natal

Os dados do governo Federal mostram que o acesso à saúde das mães de Mato Grosso do Sul melhorou nos últimos anos, já que reduziu pela metade os números de gestantes que não fizeram nenhuma consulta de pré-natal.

Em 1996, foram 1.358 mães que deram à luz sem ter passado por nenhuma consulta de pré-natal. Passados 26 anos, o número foi de 702 mães em 2022. Em 2016, chegou a 656 mães sem consultas de pré-natal, o que pode mostrar que a pandemia piorou o acesso à saúde.

Em contrapartida, aumentou em mais de 30 vezes a quantidade de bebês prematuros, em Mato Grosso do Sul. Em 1996, foram registrados apenas 132 nascimentos de bebês prematuros no Estado, mas o registro cresceu ano a ano até alcançar 5.103 bebês nesta condição em 2022.

Motivo de orgulho e de ampliação do acesso à educação, principalmente das mulheres, o índice de mães com nenhuma escolaridade teve queda brutal. Em 1996, foram registradas 2.379 mães sem nenhuma escolaridade.

Desde então, o número tem reduzido, até chegar a apenas 129 mães nesta condição em 2022.