Com nove atacantes convocados por Tite, a segunda vitória da seleção brasileira na Copa do Mundo veio dos pés de um volante. Casemiro marcou um golaço diante da Suíça e foi premiado por uma exibição de gala até aqui com a camisa do Brasil no Catar.
Depois de uma estreia segura contra a Sérvia, bem na defesa e responsável por passes entre linhas para os atacantes, o meio-campo manteve o nível no jogo seguinte, e na hora em que o time fez o abafa nos minutos finais, apareceu na área para concluir com precisão.
Ao longo da semana, Casemiro brincou ao lembrar os apelidos pelos quais era chamado nas equipes por onde passou. Se o técnico Carlo Ancelotti o chamava de bombeiro no Real Madrid, o lateral esquerdo Filipe Luís disse que o volante da seleção trabalha como um aspirador, pois limpava toda sujeira do campo. Desta vez não foi diferente.
Se há um jogador intocável na seleção brasileira hoje, este é Casemiro. Muito se discutiu durante a preparação se no esquema que privilegia um jogo pelas pontas Tite tentaria jogar com apenas um volante, exatamente ele, para proporcionar uma melhor transição seja com Fred, Paquetá ou Bruno Guimarães.
Mas os dois jogos no Mundial do Catar provam até agora que é Casemiro o ponto de equilíbrio mais seguro entre um jogo consistente na defesa e de qualidade no ataque.
É verdade que na saída de bola o meio-campo ajudou menos do que poderia na partida desta segunda-feira. Diante de um adversário plantado em sua defesa na maior parte do tempo, Marquinhos foi quem armou o time vindo de trás, trabalhando a bola com laterais e meias.
Nessa estrutura tática, Casemiro acabou avançando mais, e teve dificuldade para ocupar os espaços entre as linhas de defesa. Aind assim, com uma capacidade de toque de bola superior a de Fred, distribuiu o jogo em alguns momentos.
No segundo tempo, quando a partida se desenhou com a Suíça ainda mais plantada e o Brasil no campo de ataque, com a bola, Casemiro se transformou em um meia. Colocou sua qualidade técnica para trabalhar a bola ao lado de Bruno Guimarães, que entrou no lugar de Fred, e se aproximou de Vini JR e Rodrygo, que insistiam nos lances pelo lado esquerdo e levavam mais perigo do que Raphinha, outro que acabou saindo para a entrada de Antony.
A seleção brasileira garantiu sua vaga nas oitavas de final da Copa do Mundo 2022 nesta segunda-feira, 28, ao derrotar a Suíça por 1 a 0, no Estádio 974, em partida válida pela segunda rodada da fase de grupos. Mais uma vez, o Brasil parou no “ferrolho” adversário na etapa inicial, mas construiu o resultado no segundo tempo. Desta vez, o responsável por balançar a rede foi Casemiro, em jogada trabalhada por Rodrygo e Vinicius Júnior, já nos minutos finais. Com o resultado, a Amarelinha chega aos 6 pontos, abre três de diferença para os suíços e não pode ser alcançada por Camarões e Suíça – ambas têm um ponto cada. Assim, a Canarinho volta a campo na próxima sexta-feira, 2, precisando de apenas um empate contra os camaroneses, no Lusail Stadium, para assegurar a liderança da chave G – a bola rola a partir das 16 horas (de Brasília). No mesmo horário, a “Cruz Vermelha” encara os sérvios, em busca de uma igualdade para também avançar ao mata-mata.
O Brasil encontrou dificuldades para superar o sistema defensivo suíço no primeiro tempo. Apesar de conseguir fazer várias recuperações no meio-campo e ter mais posse de bola, a seleção brasileira pouco criou. Com o zagueiro Éder Militão improvisado na vaga de Danilo, lateral-direito que está lesionado, a Canarinho concentrou seus ataques pelo outro lado. Pela esquerda, Vinicius Júnior insistiu bastante, arriscou jogadas individuais e sofreu faltas. A primeira e única boa finalização brasileira, inclusive, foi do atacante. Aos 26 minutos, o “Malvadeza” recebeu belo cruzamento de Raphinha e emendou chute de primeira, mas parou no goleiro Yann Sommer. O setor ofensivo da Amarelinha, no entanto, praticamente não funcionou. Escolhido para substituir Neymar, o meio-campista Fred foi discreto e não conseguiu se associar com os atacantes. Herói na vitória diante da Sérvia, Richarlison só foi acionado em uma oportunidade, em passe de primeira de Lucas Paquetá. O “Pombo”, porém, se atrapalhou no lance e não incomodou a Suíça na parte inicial.
Insatisfeito com o desempenho da seleção brasileira, Tite decidiu fazer uma alteração no intervalo e colocou Rodrygo no lugar de Lucas Paquetá. A substituição, a princípio, não surtiu efeito no Brasil, que ainda passou a conviver com ataques suíços – Xhaka e Vargas chegaram com perigo, mas foram bloqueados dentro da área. Percebendo que havia perdido o controle do jogo, o técnico brasileiro sacou Fred, dando a oportunidade para Bruno Guimarães fazer sua estreia em Mundiais. Com mais espaço para atacar, a Canarinho chegou a abrir o placar com Vinicius Júnior, seu melhor jogador. O atacante recebeu assistência de Casemiro e deslocou o arqueiro, mas o VAR pegou impedimento de Richarlison no início do lance. Retomando a posse de bola, a Amarelinha continuou com dificuldade para trocar passes por dentro e apostou em investidas pelos lados. Em uma delas, Rodrygo recebeu de Vinicius Júnior e tocou de primeira para Casemiro. Com a bola pingando, o volante emendou uma trivela, contou com desvio e viu a bola estufar a rede suíça, já aos 37 minutos. Sem fôlego para buscar uma reação, a “Cruz Vermelha” ainda quase viu o resultado ficar mais feio, mas contou com alguns erros dos atacantes brasileiros. No fim, festa no Estádio 974, que recebeu mais de 43 mil pessoas, sendo a maioria torcedores do Brasil.
FICHA TÉCNICA
BRASIL 1 X 0 SUÍÇA
Local: Estádio 974, em Doha (Catar)
Data: 28 de novembro de 2022, segunda-feira
Horário: 13h (de Brasília)
Árbitro: Ivan Barton (El Salvador)
Assistentes: Zachari Zeegelaar (Suriname) e Said Martinez (El Salvador)
VAR: Drew Fischer (Canadá)
Cartões amarelos: Rieder (Suíça); Fred (Brasil)
GOL:
Brasil: Casemiro, aos 38 minutos do 2º tempo.
BRASIL: Alisson; Militão, Marquinhos, Thiago Silva e Alex Sandro (Alex Telles); Casemiro, Fred (Bruno Guimarães) e Lucas Paquetá (Rodrygo); Vinícius Jr, Raphinha (Antony) e Richarlison (Gabriel Jesus). Técnico: Tite.
SUÍÇA: Sommer; Widmer (Frei), Akanji, Elvedi e Rodríguez; Freuler, Xhaka, Rieder (Steffen), Sow (Aebischer) e Vargas (Fernandes); Embolo (Seferovic). Técnico: Murat Yakin.
